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A indiferença do narcisista com o outro

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O narcisismo, conceito introduzido na metapsicologia psicanalítica, é fundamental para entender o estabelecimento do eu, que se dá inicialmente pelo amor narcisista

Em entrevista a Benedetto Vecchi (2006), o sociólogo Zygmunt Bauman conta que para a cerimônia de entrega do título de Doutor Honoris Causa, em Praga, pediram-lhe que escolhesse entre os hinos da Polônia e da Grã-Bretanha. Opção difícil, pois ele se radicara na Grã-Bretanha por meio de uma oferta para lecionar, o que lhe fora proibido na Polônia, seu país natal. Mas, mesmo tendo se naturalizado inglês, na Inglaterra era sempre um estrangeiro; sempre se viu e foi visto como polonês.

Encontrou-se então uma solução em dupla face, inclusiva e com o reconhecimento da diferença: o hino da Europa. O que talvez não fosse possível em tempos de nacionalismos “bem-sucedidos”, que atribuem a verdade exclusivamente ao que se entende por “nós” e relegam os outros à inferioridade, excluindo-os em um perigoso território de não pertencimento e de não direito à existência (Said, 2001).

A questão que surge é a de como reconhecer o outro em sua diferença e humanidade, e de como viver junto, para usar as palavras de Roland (2003).

Vamos voltar ao final do século XIX, quando Freud rompe a fronteira da razão iluminista pela escuta do que estava exilado nos hospícios e manicômios. Ao compreender o sofrimento das pacientes histéricas como conflito, ele estabelece o seu pilar epistemológico: a noção de inconsciente, que propõe a alteridade de nós a nós mesmos, propõe a diferença em nós. Portanto, o campo de conhecimento psicanalítico inaugura-se pela alteridade.

Mas a Psicanálise constitui-se não apenas pela alteridade, mas na alteridade. Porque supõe que as bases da vida humana e seu processo de subjetivação se dão a partir da presença fundante do outro.

No início há o vazio, constitutivo do psiquismo humano por ser origem e matriz de toda possibilidade de simbolização. Na díade mãe- bebê há um reviver do narcisismo parental, agora investido no filho e reeditado em forma de amor pelo outro (Freud, 1914/2010). Há uma “narcisização”, até que aos poucos a criança possa se separar, identificando-se com a mãe e posteriormente com os outros – o que mostra a importância do luto desse primeiro amor para que se possa voltar a amar (Roudinesco, 2018). No início há um corpo físico que se torna erógeno, simbólico; um corpo da cultura, no percurso que inaugura o processo de subjetivação (Kristeva, 1988).

Simbolização

O narcisismo, conceito introduzido na metapsicologia psicanalítica em 1914, é fundamental para entendermos o estabelecimento do eu, que se dá inicialmente pelo amor narcisista. Seguindo por meio de múltiplos lutos dos objetos amados, a formação de si conquista característica de jogos especulares, ampliados em múltiplas identificações. Portanto, igualmente fundamental o movimento identificatório, primeira experiência de laço amoroso com outra pessoa e condição necessária para que o ser humano seja sujeito (Freud, 1921/2011). São esses processos contínuos de luto e identificação que possibilitam a continuidade das ligações amorosas.

Em seguida à publicação de Introdução ao Narcisismo (1914/2010), no pós-Primeira Guerra, Freud escreve Reflexão para os Tempos de Guerra e Morte (1915a/1969) e o belíssimo Sobre a Transitoriedade (1915b/1969). Um debruçar sobre a destrutividade humana, que preparou a guinada teórica dos anos 1920 (Freud, 1920/1969), quando ele reorganiza a sua teoria das pulsões na dualidade pulsão de vida (Eros) e pulsão de morte (Tânatos).

Presente desde o início, a pulsão de morte é pura potência destrutiva desligada. Como vazio de sentido, ela precisa da força de Eros para efetivar as ligações, compondo diferentes arranjos entre as pulsões, em mesclas singulares.

É pela identificação que começam as primeiras ligações do ser humano, modo como o eu se torna o reservatório de investimento amoroso. O que dá início às construções simbólicas, que, por sua vez, oferecem sustentação narcisista suficiente para que se possa amar o outro, possibilitando a renúncia narcísica. É como cada um de nós se constitui: nesse jogo entre amor e ódio, entre amor de si e amor ao outro (Freud, 1921/2011).

Em 1923, Freud estabelece a distinção entre ideal do eu e eu ideal, definindo relações com a identificação nos processos de luto e de melancolia e com certos destinos do narcisismo (Freud, 1923/1969; 1917/1969).

O ideal do eu se constitui como substituto do narcisismo da infância, quando o próprio eu era ideal. O luto desse narcisismo permite o investimento em alguma aspiração a ser alcançada, algo que transcende o indivíduo, o que leva a uma reorganização narcisista e ao reconhecimento da alteridade.

O eu ideal, por sua vez, é o depositário da idealização da perfeição infantil. Nesse caso, não há renúncia narcísica, pois o objeto perdido não pode ser abandonado, e em seu lugar dá-se uma identificação narcisista com ele. A perda do objeto é transformada em perda do eu – caso da melancolia –, e tem como resultado a negação da alteridade. Aqui, o narcisismo nega qualquer instinto gregário. Não há como viver junto.

Luto

Portanto, essencial o luto pelo próprio narcisismo. O processo identificatório sustentado pelo luto, elaborando um sentimento do eu a partir de seu encontro com o outro, evidencia, em última instância, que nossa singularidade é constituída por outrem. Que para sermos únicos dependemos do outro. Que a alteridade é fundante, a despeito do desejo de ter se construído sozinho. E mais, que tornar-se sujeito é algo que se dá na cultura e pela cultura.

Cabe mencionar outro ponto fundamental: a figurabilidade ou a representabilidade que as vinculações da pulsão de vida estabelecem. Porque as forças pulsionais exercem continuamente pressão, em busca de satisfação. E como a pulsão não pode ser conhecida por si só, faz-se necessário que ela seja transformada em um sistema metafórico, que a insira em uma cadeia de sentido. Sem isso há o risco de ela se expressar diretamente no campo motor (Roussillon, 2011).

Se temos uma organização social onde a cultura está a serviço das ligações de Eros, ela pode funcionar como suporte para essas mediações, criando formas de transformação do narcisismo. Mas ela pode não contemplar essa possibilidade, criando um sentimento de vulnerabilidade narcísica, que leva à necessidade de construir inimigos nos quais se possam depositar temores e descarregar a hostilidade.

A questão é que a construção narcisista, simultaneamente fruto e motor para estabelecermos o mundo das representações simbólicas, é um edifício cheio de fendas por onde a qualquer momento pode vazar a violência da pulsão de morte, cooptando aspectos narcísicos, travestindo-os em ódio e desencadeando a violência não objetal (Kristeva, 1988). Uma sociedade cujo sistema traz dificuldade para que o sujeito construa representações pode provocar o risco de que essa força flua sem limite, como evacuação direta.

Em seu livro visionário, Debord (1997) apresenta a sociedade do espetáculo, constituída pelas relações mediadas por imagens, que passam do diretamente vivido para uma representação. O espetáculo é promotor da falsa consciência, pois se apresenta como a própria sociedade quando, de fato, são duas realidades separadas. E mais, esse “pseudomundo” imagético faz com que o mundo real aspire a ele e tenha a sua legitimidade garantida pelo seu aparecimento como imagem.

O advento da internet democratizou a informação, mas também substituiu a “carnalidade” da experiência por ideias preconcebidas. Borrando os limites entre fato e opinião, ela molda a realidade. Encerrados em comunidades de idênticos com barreiras impenetráveis para o diferente, hoje observamos que o inimigo é a própria diferença, que passou a ser um problema a ser extirpado. Sem troca ou comunicação possível, vivemos em sistema de “micro-apartheids” de iguais, promotor da segregação e da intolerância, que erode o diverso, negando-lhe o estatuto de alteridade e, portanto, sem direito à subjetividade (Kakutani, 2018).

Imaginário social

Soma-se a isso a construção de um imaginário social sustentado pelo medo, criando uma “multidão de paranoicos”, na qual desaparece o abismo da infinitude que sustenta o sujeito (Zizek, 2008).

Para Byung-Chul Han (2017), essa hipervisibilidade virtual promove a desconstrução dos umbrais e passagens que são zonas de mistério, que marcam o outro como o desconhecido a ser conhecido. Condenados a ser imagem, nossos aspectos identitários se tornam líquidos, como diz Bauman. Essa dissolução constrói uma ética permissiva e hedonista, centrada no prazer individual. A cultura do entretenimento e também do hiperconsumo é consonante com a intolerância à frustração, imediatez e a excitação do gozo. No lugar dos jogos especulares dos lutos e das identificações, um espelho cego.

Em 1918, Freud (1918/1969) apresenta o narcisismo das pequenas diferenças, reflexão sobre a intolerância ao diferente baseada no medo. Concebido a partir da ideia de que me é hostil o que eu não conheço, foi considerado um aspecto narcísico protetor, por ser aquilo que resiste ao outro e por estabelecer fronteiras “nós” contra “outros”. Mas, após a revisão de 1920, ele é entendido como meio de ejetar de si a pulsão de morte pela projeção em outrem, a quem se odeia (Freud, 1930/2010). Ou seja, o narcisismo das pequenas diferenças é oportunidade ao exercício da destrutividade.

Diz Umberto Eco (2012) que ter um inimigo é importante para definirmos nossa identidade e para termos um anteparo que funcione como valorização daquilo que é nosso. Se tomarmos essa observação pela lógica narcisista, podemos considerar que o estado de fragilidade narcísica exige do outro a confirmação de si mesmo. Caso contrário, por sua diferença, ele se torna o inimigo a ser eliminado, ou a ser demonizado. Na história da humanidade temos incontáveis exemplos, desnecessário enumerá-los.

Para Bauman e Donskis (2014), a malignidade, atualmente, não está restrita às guerras ou a situações extremas, mas à insensibilidade diária diante do sofrimento do outro, à incapacidade ou à recusa de compreendê-lo que se escondem na vida cotidiana.

Vácuo moral

É a cegueira moral contemporânea ou miopia ética, que trata da posição desumana ou indiferente perante meu diferente, como uma fuga da dor. Dor narcísica, poderíamos completar.

E quanto mais vulneráveis estivermos em nosso narcisismo, mais débil a nossa capacidade de conviver com o outro, e mais feroz será a nossa busca por uma identidade‑fixa, por uma posição impermeável na qual a alteridade é uma ameaça.

Christopher Bollas (2011) também fala do vácuo moral criado por um tipo de funcionamento mental no qual há uma divisão do eu em dois conjuntos funcionais, de modo que em algum momento um “eu-parte” atua como um “eu-inteiro”.

Inevitável notar que tomar a parte pelo todo é função da metonímia. Portanto, nesse estado não há liberdade associativa nem lugar para a metáfora. As palavras, como significantes, perdem a mobilidade para a livre ligação; são determinadas por pseudo-ligações vazias e não simbólicas, puros signos que propiciam um funcionamento de maneira simplificada e, portanto, violenta. Um investimento narcísico na ideia de uma mente que se idealiza como processo de limpeza, e que, por não estabelecer a conexão entre pensamento/ato/sentido, cria o cenário para a negação das qualidades do outro, para a aniquilação do outro.

Aqui estamos nos domínios da pulsão de morte.

Porque quando há amor há compaixão, há ligação; identificado com o outro, a sua dor me dói. A identificação faz um comparecer no outro, insere um na consideração do outro, provoca a abertura em direção ao outro.

Então, em pleno século XXI cabe a atualidade da resposta que Freud oferece a Einstein em Por que a Guerra? (1932/1969): se o homem é habitado pela pulsão de morte, importante investirmos em vínculos emocionais amorosos que utilizem a identificação para estabelecer um equilíbrio entre amor e destrutividade.

Ou seja, investirmos em movimentações de fronteiras onde possamos conhecer o outro em sua alteridade, entendê-lo como uma terra estrangeira a ser respeitada e não um território a ser dizimado.

O desafio é narcísico, porque o outro sempre me interroga na sua diferença. Ele me questiona, me descentra. Quando abro a minha visão a ele, vejo nele o que de mim não reconheço em mim. Ele me apresenta aquilo que me falta, revelando a incompletude que Narciso recusa. Por isso, para alguns é tão difícil tolerar a alteridade.

PARA SABER MAIS

O ILUMINISMO E A IDEIA DA IDENTIDADE INDIVIDUAL

A ideia de indivíduo e da identidade individual centrada no eu se consolidou no século XVIII com o Iluminismo, a formação dos Estados Nacionais e o liberalismo na economia. A partir daí configura-se no imaginário a figura do outro, como Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, ou Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift. Ao final do século XIX e início do XX ocorre a crise da razão iluminista e da identidade fundada na noção de idêntico. O homem da modernidade é dividido e múltiplo; o emblemático O Médico e o Monstro, de Stevenson. No espírito desse momento histórico, a investigação sobre o inconsciente e sobre representação já fora empreendida pelo filósofo Franz Brentano, cujo curso de Psicologia Freud frequentou a partir de 1874. Ele se interessou pelo pressuposto de Brentano de uma “consciência inconsciente” atuando no psiquismo, mas seguiu outro caminho, levando o seu conceito de inconsciente ao estatuto de alteridade, com leis e lógicas próprias.

O ETERNO CONFLITO ENTRE FORÇA PULSIONAL E POSSIBILIDADE DE REPRESENTAÇÃO

O ser humano encontra-se em um infindável conflito entre a força pulsional e a possibilidade de representação. Freud, em O Mal-Estar na Civilização, de 1930, insiste que os sistemas representacionais de qualquer formação cultural são necessários, mas insuficientes para dar totalmente conta da força pulsional. No mesmo artigo, ele fala do sentimento oceânico, o desejo de ser um com o universo, a ausência de limites, o sentimento da união indissolúvel com o todo – o vestígio de uma experiência muito primitiva da relação de indiferenciação do bebê com sua mãe, que introduz a noção de anacronismo temporal, tão cara à Psicanálise. Em parte, é esse o mal-estar evidenciado pelos artistas das vanguardas modernistas do início do século XX, e que os leva a um retorno aos mitos e ao primitivo em busca de religar o homem às suas origens espirituais. Entre outros, Picasso visita a arte africana e Kandinsky elabora no Cavaleiro Azul um projeto estético espiritualista e antimaterialista. O poeta surrealista André Breton rejeita o mal-estar promovido pelo sacrifício da satisfação pulsional imposto pelo processo civilizatório, retomando o sentimento oceânico pela escrita automática, recurso que conduziria à experiência de ausência de limites.

Referências:

Barthes, R. Como Viver Junto. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Bauman, Z. Identidade: Entrevista a Benedetto Vecchi. São Paulo: Zahar, 2006.

Bauman, Zygmunt; Donskis, Leonidas. Cegueira Moral: a Perda da Sensibilidade na Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

Bollas, Christopher. The structure of evil. In: The Cristopher Bollas Reader, p.155-176. Londres: Routledge, 2011

Debord, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

Eco, U. Construir al Enemigo. Madri: Lumen, 2012.

Freud, S. Introdução ao Narcisismo. In: Sigmund Freud Obras Completas. Vol. 12, p. 13-50. São Paulo: Companhia das Letras, 1914/2010.

__Reflexão para os Tempos de Guerra e Morte. In: edição standard brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XIV, p. 331-339. Rio de Janeiro: Imago, 1915a/1969.

__Sobre a Transitoriedade. In: edição standard brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XIV, p. 345-350. Rio de Janeiro: Imago, 1915b/1969.

__O Tabu da Virgindade. In: edição standard brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XI, p. 179-196. Rio de Janeiro: Imago, 1918/1969.

__Luto e Melancolia. In: edição standard brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XIV, p. 275-291. Rio de Janeiro: Imago, 1917/1969.

__Além do Princípio do Prazer. In: edição standard brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XVIII, p. 17-90. Rio de Janeiro: Imago, 1920/1969.

__Psicologia das Massas e Análise do Eu. In: Sigmund Freud Obras Completas. Vol. XV, p. 13-113. São Paulo: Companhia das Letras, 1921/2011.

__O Eu e o Id. In: Sigmund Freud Obras Completas. Vol. XVI, p. 13-74. São Paulo: Companhia das Letras, 1923/2011.

__Mal-Estar na Civilização. In: Sigmund Freud Obras Completas. Vol. XVIII, p. 13-353. São Paulo: Companhia das Letras, 1930/2010.

__Por que a guerra? In: edição standard brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XXII, p. 241-264. Rio de Janeiro: Imago, 1932/1969.

Han, Byung-Chul. Agonia do Eros. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.

Kakutani, Mishiko. A Morte da Verdade. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.

Kristeva, Julia. Histórias de Amor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

Roudinesco, Elizabeth. Diccionario Amoroso del Psicoanalisis. Buenos Aires: Debate, 2018.

Roussillon, René. Primitive Agony and Symbolization. Londres: Karnak, 2011.

Said, Edward W. Reflexões sobre o Exílio e Outros Ensaios. São Paulo: Cia. das Letras, 2001. Zizek, Slavoj. Violência: Seis Reflexões Laterais. São Paulo: Boitempo, 2008.

* Silvana Rea é membro efetivo e diretora científica da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, graduada em Cinema e Psicologia, mestre e doutora em Psicologia da Arte pelo IP-USP e autora dos livros Transformatividade: Aproximações entre Psicanálise e Artes Plásticas, Pelos Poros do Mundo e artigos, além de editora da Revista Brasileira de Psicanálise 2016-2017.

** Este artigo foi publicado pela revista Psique de número 169.



Comentários

2 replies on “A indiferença do narcisista com o outro”

Maria Lydia M. De Mello disse:

Gostei muito, claro, preciso e elucidador. parabéns!

Emerson Cabral disse:

Lindo texto! Congratulações

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