Mal-estar na natureza
Home Blog Ecologia Mal-estar na naturezaPatrícia Cabianca Gazire[1]
O mar não o consola mais,
antes aumenta o seu horror, a sua impressão
de um desígnio maligno por trás de tudo,
dos homens e da natureza.
Era isso que eu queria contar…
– Luis Fernando Veríssimo, O Jardim do Diabo (2022)[2]
O título deste texto recupera um dos capítulos do livro recém-lançado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro[3], Mal-estar na natureza, no qual o autor reflete sobre atual crise planetária – ambiental, econômica, política, cultural, psíquica: crise total. Viveiros de Castro traz a ideia do “humano-sem-mundo” e afirma que essa condição súbita resulta de imaginarmos que o mundo foi construído por nós. Agora, afirma o autor, “vivemos a incômoda sensação de que a terra está fugindo sob nossos pés, e o céu caindo sobre nossas cabeças”. Será mesmo apenas sensação?
Isso conduz a um questionamento daquilo que em filosofia se denomina episteme: tudo o que rodeia, permeia e estrutura o pensamento (científico, filosófico, cultural) em uma determinada época. Episteme é, assim, o conjunto de condições que permite que toda experiência ocorra.
O cineasta João Moreira Salles viajou à Amazônia “como um ignorante que sentiu que era hora de ir para lá entender a dinâmica da destruição e o que estava acontecendo”. Escreveu o livro Arrabalde[4] a partir de conversas com pessoas, daquilo que ele viu, das viagens que fez. Comenta como forasteiros chegaram à mata desde 1500 e percorre relatos de escritores que a descreveram, como Euclides da Cunha e Mário de Andrade. O primeiro menciona seu desapontamento com o rio Amazonas, com os vazios nos horizontes, a natureza desordenada, a flora imperfeita, a fauna monstruosa; o segundo reclama do calor extremo e sublinha “um aroma vago, quase só imaginado, porque os rios da Amazônia não têm perfume”. João M. S. conclui que o processo de ocupação da Amazônia pode ser entendido como um grande “fracasso epistêmico”.
Vladimir Safatle[5] escreve, no mesmo sentido, que a noção de natureza é inventada em certo momento histórico do desenvolvimento do capitalismo. Natureza é uma construção social que define comportamentos. Ou seja, a “nossa” noção de natureza contém aspectos da oposição binária presente em vários âmbitos do pensamento ocidental: natureza versus cultura, homens versus animais, masculino versus feminino etc. “Nossa” noção de natureza comporta uma sobreposição de valores que visam uma determinada ação sobre o meio ambiente e sobre nós mesmos. Essa noção de natureza quase que permite e justifica que a destruamos – e destruamos a nós mesmos. No entanto, retomando a dialética hegeliana, segundo a qual toda a relação entre dois objetos (seres) envolve sua destruição para que dali algo novo aflore, Safatle propõe que outra destruição da natureza é possível a partir de uma emancipação crítica dos valores atuais no sentido de pôr em suspenso a dicotomia entre natureza e cultura. Para os povos originários, por exemplo, a relação com a natureza se dá através de um movimento de continuidade. Será que poderíamos pensar a natureza do ponto de vista do perspectivismo ameríndio, proposto por Viveiros de Castro[6], segundo o qual existem várias naturezas, tantas quantas emergem pelos olhares de quem se relaciona com elas? Safatle retoma o slogan utilizado na década de setenta para atrair mão de obra para a construção da estrada Transamazônica: “Para unir os brasileiros, nós rasgamos o inferno verde”. O mal deve ser, portanto, vencido para dar lugar ao desenvolvimento humano. Essa é a ideia comum que a sociedade tinha – e ainda tem – da floresta amazônica: como o inferno, o nada, o estranho e o indomável que deve ser substituído pelo familiar.
Recentemente, Belém do Pará, no coração da Amazônia, sediou a COP30, a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas. O estado do Pará é considerado o mais pobre do Brasil. Belém, onde menos de 20% da população é atendida com coleta de esgoto, revela a grande desigualdade na distribuição de riqueza no país. Os investimentos em infraestrutura para os preparativos da COP30 na cidade parecem intensificar a desigualdade e a miséria de um povo cercado por uma grande “riqueza natural”. Ailton Krenak, escritor e líder indígena, disse na ocasião: “Estamos engajados em um amplo sistema de comer o planeta; a COP30 é um lugar para nós indígenas gritarmos, mas não adianta gritar no vazio!”. Lembremos também a situação precária vivida pelos povos ribeirinhos de Altamira, a cidade que mais desmata na Amazônia e que apresenta um índice de liberação de CO2 maior do que a cidade de São Paulo. Os problemas de Altamira começaram na década de 1970, justamente com a inauguração da rodovia Transamazônica que, como revela o slogan lembrado acima por Safatle, resultou em décadas de desmatamento descontrolado, pecuária extensiva (há mais bois do que gente) e ocupação sem planejamento ambiental. Ao final da COP30, a comunidade científica, formada por alguns dos maiores especialistas climáticos do mundo[7], criticou o rumo das negociações na Conferência e declarou que, para proteger a vida na Terra, é preciso zerar os combustíveis fósseis, o desmatamento, a degradação e o fogo até no máximo 2040. A produção de gases de efeito estufa precisa começar a cair, para isso, já a partir de 2026, em torno de 5% ao ano. Essa COP manifesta mais que as anteriores, nas palavras de Gilberto Gil[8], a urgência contra a urgência, a velocidade contra o veloz, o silêncio contra o barulho.
As pesquisas realizadas pelo arqueólogo Eduardo Góes Neves[9] oferecem uma contribuição importante para as discussões na COP30[10]. Segundo ele, essa Amazônia que conhecemos no presente, e que chamamos de “não civilizada” ou de “pura natureza”, não tem nada de selvagem. Ela foi habitada há milênios por populações indígenas cuja relação com a floresta era diferente. Como mostram suas escavações e fotografias aéreas, a floresta era ocupada de forma inteligente e sustentável, com tratamento do solo para plantio de alimentos e com “estradas”, interligações entre vários grupos humanos. Quando esses povos se extinguiram, o bioma se refez e continua vivo e forte. Esse pode ser um caminho para uma outra possível “destruição da natureza”, não o caminho da exploração predatória, mas o de uma relação de encadeamento com o bioma.
Como vemos, a crise climática tem sido debatida em várias áreas do saber. E a psicanálise? O que tem a dizer? O que pode perguntar? Que reflexões poderiam abrir portas para discussões no âmbito da metapsicologia freudiana? Natureza versus cultura, humano versus animal, civilizado versus arcaico: qual antropologia – isto é, qual concepção do homem ou do humano no sentido amplo, origens, evolução, crenças, costumes etc. – subsiste no panorama atual? Será que podemos encontrar um distanciamento crítico que nos permita nos libertar, ou, pelo menos, nos deslocar desse “episteme em crise” no qual psicanalistas também estão inseridos?
Qual mundo estamos criando? Para onde estamos sendo levados? Nestes tempos de catástrofe climática[11], de fascismo em expansão e de genocídios, o sujeito psicanalítico passa a ser examinado com atenção enquanto investigamos suas possibilidades de estabelecer relações ou vínculos.
Muitas vezes, é na negatividade (falta, fraturas), na agressividade (constitutiva dos laços sociais) e no conflito (estrutural e não contingente) que os discursos psicanalíticos se afastam de discursos políticos simplificados. Esses últimos se baseiam, principalmente, em construções morais conscientes para imaginar condições de vida comunitária nas quais os interesses individuais se ajustam “naturalmente” e o mercado tende ao equilíbrio, sem grandes antagonismos.
Os textos fundadores da psicanálise se apoiam na separação e na alteridade como meios necessários de individuação. Freud[12], pela experiência de satisfação e perda do objeto, o desprazer e o surgimento do “não” como separação entre eu e outro; Melanie Klein[13], pela cisão entre objeto bom e objeto mau (e sua posterior integração); Winnicott[14], com os escritos sobre ilusão e desilusão e a teoria da separação e individuação; Lacan[15], pela relação imaginária do sujeito com o outro e sua entrada na linguagem através da separação necessária.
Já os saberes feministas, os decoloniais e os ecológicos há muito são críticos em relação ao sujeito psicanalítico quando se trata de considerar formas de vida sustentáveis – humanas e não humanas. A experiência subjetiva das mulheres se constitui dentro de redes de cuidado, em uma relação de interdependência e co-constituição entre os seres vivos.[16] O pensamento decolonial evidencia que a formação do sujeito não se dá pela separação, mas pela sobrevivência a estruturas coloniais – ações grupais de resistência à desapropriação de terras, à supressão de saberes e de conhecimento dos povos colonizados, por exemplo[17]. Os saberes ecológicos[18] revelam que a mente é permeada pelo mundo, e não separada dele. Uma ética sustentável envolve assumir responsabilidade pelas redes de interdependência que nos compõem.
Ao nos depararmos com as crises atuais, com as mortes e tragédias que elas acarretam, perguntamo-nos se tudo isso é, no fim das contas, apenas “natureza humana”. A investigação filosófica do ponto de vista psicanalítico pode apontar para novas articulações entre natureza, cultura, civilização e linguagem?
Será que podemos encontrar pistas valiosas também em textos e práticas psicanalíticas menos canônicos, marginais ou de menor expressão, como os de William Reich, Sabina Spielrein, Deleuze e Guattari, por exemplo? E quem pode se dar ao luxo, se é que alguém pode, de ignorar a necessidade de repensar a natureza, a biosfera e as promessas da mediação simbólica no século XXI?
Freud, em meados da década de 1890[19], em busca de uma teoria psicológica para a etiologia das neuroses, distanciou-se radicalmente de seus antecessores que haviam baseado seu trabalho clínico nas teorias das pulsões formativas, dos instintos naturais e da degenerescência. Naquele momento, parecia claro que a psicanálise seria capaz de estabelecer sua prática clínica e sua metapsicologia sem depender de referências à natureza. A teoria da sedução propõe que o trauma, culturalmente enraizado, apresenta características típicas influenciadas pela cultura, que Freud acabará por relacionar e organizar no complexo de Édipo.
A psicanálise freudiana começa por introduzir uma diferença antropológica entre, de um lado, a vida psíquica dos seres humanos – organizada, desenvolvida e afetada pelo contexto cultural – e, de outro, a vida instintiva dos demais organismos em um habitat natural. Essa diferença parece ser confirmada em escritos como O mal-estar na cultura[20]. Aqui, a cultura é considerada um processo pelo qual a humanidade se afasta da natureza, a controla, a domestica e a explora. No pensamento antropológico de Freud, a natureza é o outro da cultura, e a animalidade, o outro da humanidade. O que caracteriza a cultura é o controle sobre a natureza e a repressão das pulsões, ou seja, um controle sobre a parte animal da humanidade, que seria a livre expressão de suas pulsões. Essa repressão é a causa das neuroses.
No entanto, em outros momentos do pensamento freudiano, a natureza não é o outro da cultura, e a animalidade não é o outro da humanidade. Há diferenças interessantes a serem questionadas sobre o status da natureza no pensamento de Freud.
A introdução do conceito de pulsão em Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade[21] reabre as questões sobre os fundamentos naturais da – ou na – natureza humana, caracterizada por forças, energias, pressões, impulsos, tendências, princípios e funções que interferem na vida psíquica e a predeterminam. As especulações filogenéticas de Freud e o projeto bioanalítico com Ferenczi levam à integração da psicanálise com a biologia, o corpo e a afetividade primordial culminando em Além do Princípio do Prazer[22] e Thalassa[23]. São textos nos quais a pulsão, a repetição e o trauma são conceituados em relação à origem e às vicissitudes de toda a vida orgânica. Neles, há uma continuidade radical entre natureza e cultura, entre protozoários e organismos multicelulares complexos, entre animais e seres humanos. Vemos, então, que, para Freud, a continuidade entre humanos e não-humanos corresponde a um ponto de vista biológico, enquanto a descontinuidade entre humanos e não-humanos corresponde a um ponto de vista cultural.
Por outro lado, uma série de abordagens psicanalíticas, principalmente inspiradas em Jacques Lacan, colocam em seu centro referências ao simbólico e à linguagem, o que pode ser compreendido como a manutenção de uma ruptura entre natureza e cultura. Mesmo aqui, porém, a centralidade da referência à linguagem não dispensa a necessidade de refletirmos sobre a maneira como ela – a linguagem – se posiciona em relação à natureza e sobre os modos pelos quais algo que resiste e retorna ao mesmo lugar precisa ser chamado de “Real”.
Na psicanálise lacaniana, surge uma certa distância entre o Simbólico e o registro da natureza. Mas não seria necessário refletir sobre as modalidades dessa distância? Que Real é imposto pela catástrofe ambiental? Reconhecer o mal-estar na/da natureza parece exigir uma reflexão sobre as reviravoltas subjetivas que empreendemos ao recolocar a questão de como viver, que é também a questão de como morrer.
A repressão das pulsões e a pulsão de morte foram propostas por Freud como uma tentativa de explicar o mal-estar na/da cultura. Quais conceitos devem ser mobilizados para pensar o mal-estar na/da natureza? Em um contexto contemporâneo de discussões sobre o aquecimento global e suas consequências, a perda da biodiversidade e a extinção de certas espécies, bem como a poluição em larga escala, a psicanálise se vê, mais uma vez, confrontada com a questão fundamental da sua própria metapsicologia[24]. Isso diz respeito à questão de uma diferença antropológica e ao domínio e às limitações da prática clínica e da teoria. Uma outra (diferente) antropologia parece se impor, embora implicitamente, como pano de fundo no cenário atual. Mudanças na concepção de natureza e cultura modificam a metapsicologia. A metapsicologia é, por sua vez, construída a partir de ou apoiada em uma antropologia sobre a qual baseamos nossas hipóteses. Esse processo envolve, também, e, em especial, o status dos conceitos e das construções teóricas derivados das ciências naturais – física, biologia e química – bem como de outros campos do conhecimento – artes visuais, literatura, poesia, cinema.
[1] Membro associado da SBPSP, Professora Afiliada do Departamento de Psiquiatria da EPM/Unifesp, Membro da SIPP/ISSP – Sociedade Internacional de Filosofia e Psicanálise https://www.sipp-ispp.com/fr/
[2] Veríssimo, L. F. O Jardim do Diabo, Rio de Janeiro: Alfaguara, 2022, p. 18.
[3] Viveiros de Castro E., Os Involuntários da Pátria – ensaios de antropologia II, São Paulo: n-1 edições, 2025, capítulo 2: Mal-estar na natureza, pp. 29-35.
[4] Moreira Salles, J., Arrabalde – em busca da Amazônia, São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
[5] Safatle, V., “Uma outra destruição da natureza é possível (Parte 1): Gênese e estrutura de um conceito teológico-político” in Revista Discurso, v. 55, n. 1 (2025), pp. 6-26.
[6] Viveiros de Castro, E., Metafísicas Canibais – elementos para uma antropologia pós-estrutural, São Paulo: Ubu editora, n-1 edições, 2018.
[7] Carlos Nobre (IEA/USP), John Rockström (Conservation International), Thelma Krug (presidente do Conselho Científico da COP30); Paulo Artaxo (Instituto de Física/USP), Marina Hirota (Instituto Serrapilheira), Fatima Denton (United Nations University) e Piers Forster (Universidade de Leeds). In: ONDAS – Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento, 2025. Disponível em: https://ondasbrasil.org/cop-30-roteiro-para-acabar-com-uso-de-combustiveis-fosseis-defendido-por-lula-nao-avancou/. Acesso em: 26 nov. 2025. ondasbrasil.org
[8] Brum, E., Beltrão, L. (fot.); Guamá, Rio. “Gilberto Gil: ‘Temos que superar o binário. É preciso ter ternarismos e quaternarismos’”. Sumaúma, 19/11/2025. Disponível em: https://sumauma.com/gilberto-gil-temos-que-superar-o-binario-e-preciso-ter-ternarismos-e-quaternarismos/. Acesso em 30/11/2025.
[9] Góes Neves, E., Sob os Tempos do Equinócio – oito mil anos de história na Amazônia central, São Paulo: Ubu editora/Editora da Universidade de São Paulo, 2022.
[10] FAUUSP. “Quintas Ameríndias em Mairi: O que a arqueologia tem a ver com a COP30?”, YouTube, 13/11/2025. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4oD6T9S0Sps&t=6680s Acesso em: 20 nov. 2025.
[11] A partir deste ponto, o texto se inspira e se mescla ao argumento Mal-estar na natureza, do programa da Conferência SIPP/ISSP de 2025, com modificações introduzidas pela autora. A conferência ocorreu de 25 a 27 de junho de 2025, na Universidade de Essex, Reino Unido. A publicação do texto com alterações foi autorizada pelo Professor Vladimir Safatle para o blog da SBPSP. Tradução livre: Patrícia Cabianca Gazire.
[12] Freud, S., “Projeto para uma psicologia (1895), “A Negação (1925)”, In: Sigmund Freud, Obras completas, volumes 1 e 16. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 e 2025.
[13] Klein, M., “Notas sobre alguns mecanismos esquizoides (1946)”. In: KLEIN, Melanie. Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946–1963). Rio de Janeiro: Imago, 1991. p. 20–43.
[14] Winnicott, D. W., O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
[15] Lacan, J., “O estádio do espelho como formador da função do eu (1949)” e “Os três tempos do Édipo (1958)”. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
[16] Haraway, D., Quando as espécies se encontram, São Paulo: Ubu, 2022;
[17] Fanon, F., Peles negras, máscaras brancas, São Paulo: Ubu, 2020.
[18] Latour, B., O que é ecossocialismo, São Paulo: Cortez, 2019;
[19] Freud, S., “A hereditariedade e a etiologia das neuroses (1896)”, In: FREUD, Sigmund. Obras completas: Primeiros escritos psicanalíticos. Vol. 3. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.
[20] Freud, S., Cultura, sociedade, religião: o mal-estar na cultura e outros escritos/Sigmund Freud, trad.: Maria Rita Salzano Moraes – Belo Horizonte: Autêntica, 2021 – (Obras incompletas de Sigmund Freud/ coord.: Gilson Iannini, Pedro Heliodoro Tavares).
[21] Freud, S., “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905)”, In: Sigmund Freud – Obras Completas (trad.: P. C. de Souza), Vol 6, São Paulo: Companhia das Letras, 2016, pp 13-142.
[22] Freud, S., Além do princípio do prazer = [Jenseits des Lustprinzips]/Sigmund Freud, trad. e notas: Maria Rita Salzano Moraes; revisão de trad.: Pedro Heliodoro Tavares, Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
[23] Ferenczi, S., Thalassa: ensaio sobre a teoria da genitalidade, São Paulo: Imago, 1992.
[24] Ao longo da história, a clínica impôs questionamentos à metapsicologia em diferentes momentos. Entre eles: 1) a chamada “virada dos anos 1920”, marcada pelo impacto da Primeira Guerra Mundial, pelo tratamento dos neuróticos de guerra, pelos sonhos de angústia e pela formulação do conceito de pulsão de morte; 2) o trabalho clínico com crianças e com casos-limite, com as contribuições de Melanie Klein, nos anos 1930, ao introduzir a noção de eu primitivo; de Winnicott, nos anos 1950, com o enquadre ampliado e a criação do espaço potencial intermediário entre fantasia e realidade externa, envolvendo cuidadoras/es e a/o psicanalista; e de André Green, nas décadas de 1980 e 1990, ao formular a noção de desligamento nas funções objetalizantes da pulsão, visando compreender falhas e impasses na formação de vínculos; 3) mais recentemente, a pandemia de Covid 19, com as ansiedades decorrentes do isolamento social, as consequências das relações à distância, o enfrentamento da perda de pessoas próximas e os desafios do manejo on-line das análises.
Imagem: Shutterstock
As opiniões dos textos publicados no Blog da SBPSP são de responsabilidade exclusiva dos autores.